Intervalo de tempo e espaço, antítese  do que não é compartilhado. Em meio ao céu circular, protegidos pelas serras, entre nós dançamos. Terras de minas brotam amoras vermelhas cor da pele tocada pelo tempo frio de Gamarra.

Esqueleto gélido que se esquenta no compasso do fogo. Corpos em fila ligando cada estrela do céu, desenho que contorna espaço, que faz arte.

Estar na Residência Artística Entre Serras foi um bálsamo para o coração dessa artista, que pede tempo de fruir sem tensões do cotidiano. Pausa para a construção poética, impulsos do criar que soma a nossas bagagens, agregando novos valores, memórias do corpo.  

Tempo bom para estar com outro ao pé da fogueira, cantar cantiga de esperança em tempos estranhos de discórdias e incoerências. Assim foram esses dez dias de alegria de fazer arte compartilhada entre nós e entre flores/gente nascidas do ventre terra com as bênçãos de Santo Antônio e Nhá Chica, “isso acontece porque rezo com fé” assim dizia a benfeitora.

Em meio as serras tiro o momento vivido e conceitos corpo que dança  afro contemporâneo fortalecendo em minha poética. Irei apresentar um novo trabalho agora nas férias, que será apresentado no Rio de Janeiro, Ramos. Muito do que vivemos me encorajou a apresentar essa obra acreditando que fui alimentada pela Residência e dos encontros que de La surgiram.

Scheilla SSol